O ano é 2079 a data é 22 de setembro, neste dia estarei completando 90 anos de idade, provavelmente já terei alguém que me chame de avô e quando me der conta estarei dando conselhos aos mais novos e relembrando dos meus tempos de juventude onde eu esbanjava de disposição para realizar tarefas simples mas que na referida data terei dificuldades em realizar como por exemplo ver, minha visão estará embaçada talvez nem ôculos resolvam mais e assim não poderei ver com clareza a beleza das coisas que não soube apreciar anteriormente já que estava aterefado de mais correndo desenfreadamente para atingir os meus objetivos e faltava-me experiência para enteder o quão importante eram/são essa coisas que passavam despercebido, ouvir já não será algo tão comum precisarei que tenham paciência comigo já que terão que repetir as frases de forma compassada em alto e bom tom para que possa ao menos entender o que estão dizendo, a memória estará se desfazendo mas ainda assim conseguirei lembrar das coisas importantes como as pessoas que conheci as vitórias que tive e os sonhos que realizei nessa hora talvez escorram algumas lágrimas pelo meu rosto já gasto pela ação do tempo e me darei conta que minha vida está chegando ao fim e depois disso serei só uma memória, talvez boa talvez indigesta, nas mentes das pessoas que conheci, e nesse momento meu velho coração já debilitado batera mais rápido, não tão rápido como quando tinha apenas 20 anos de trabalho continuo, as minhas glândulas já deterioradas liberarão hormônios que me farão cheirar a medo, medo do que está por vir, medo do que acontece a partir dali, e ai me darei conta de que não me resta outra coisa a fazer se não sentar e esperar os dias passarem, sentar e esperar a chuva o sol o vento, sentar e esperar que me visitem, sentar e compreender que ''morrer não dói'' mas é a coisa mais triste que pode acontecer a tudo que vive e nesse momento desejarei ser um vegetal e não ter mais consciência da minha existência, desejarei esquecer o que me aconteceu, o que aprendi, esquecer nomes, faces, vozes e poemas que porventura tenha lido em livros cujas páginas agora compartilham o mesmo clima sombrio de degradação que o tempo em todo seu esplendor inpiedoso pode proporcionar, ai me darei conta de que nada me valeu viver em uma redoma de vidro me privando dos prazeres perigosos com medo da morte sendo que essa se torna agora inevitável uma mera questão de tempo e ai o arrependimento tomará conta de mim por não levado a vida aos moldes do ''Carpe Diem'' e do ''Inutila Truncate''.
''Quando você está no fim do caminho
E você perdeu todo o senso do controle
E seus pensamentos aceitaram seus pedágios
Quando sua mente quebra o espírito de sua alma
Sua fé caminha sobre cacos de vidro
E a ressaca não passa
Nada foi feito para durar
Você está em ruínas''