sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Capítulo IV : A cultura da vitimologia e o auto-conhecimento


Fazer-se de vítima deixou à muito tempo de ser coisa de criança e tornou-se problema de saúde pública, com direito até à um nome pomposo esse tipo de atitude foi chamado pelos psicólogos de Cultura da Vitimologia, é um processo mecanizado que está presente em praticamente todas as classes sociais todas as faixas etárias de praticamente (pasmem) todo o mundo, o processo consiste em não admitir que os recorrentes fracassos aos quais estamos sujeitos são consequência quase que exclusiva de nossos atos e independe da ação de terceiros.
È muito frequente nos deparamos com pessoas que dizem ter sido vítimas de preconceito para justificar seu insucesso, na gíria isso se chama muleta, mas o problema torna-se mais grave quando esse direito de se considerar vítima passa a ser assegurado pela legislação e foi exatamente isso que aconteceu hà alguns anos aqui no nosso Brasil quando foi assegurado por lei a criação de cotas para negros nas universidades públicas (a questão é profunda e só citei ela para demonstrar como funciona a vitimologia)antes os negros diziam não conseguir entrar nas universidades por causa do preconceito sofrido(o que é um exemplo de vitimologia) agora que teoricamente esse problema foi resolvido surgiu outro os que não são atendidos pelas cotas se sentem lesados e justificam o fato de não terem entrado na universidade com à existência de tais cotas (outro exemplo de vitimologia) o fato é que todo cidadão é igual perante a lei (na teoria) mas na prática estamos estamos carecas de saber que isso não acontece (''Ao desconcerto do mundo...'') então, se nosso meio é tão injusto e desigual, previsões deterministas, como as citada no livro "O cortiço'' são totalmente coerentes, certo? Errado. o ser humando por comodismo se esquece que a postura de vítima é tão opcional quanto a postura dominadora. Mas isso se da justamente porque nosso EU que tanto procuramos decifrar para chegar a uma versão ''destilada'' é um produto das escolhas que fazemos e tais escolhas podem ser, primeiramente inconscientes. A partir do momento que você consegue reconhecer essas escolhas feitas no escuro por assim dizer, ai sim poderá escolher diferente e chegar ao fundo do seu estimado (ou ão) EU. Particularmente não acredito muito nessa essencia individual e na busca desenfreada ao estilo ''conhece-te a ti mesmo'' (a idéia de não individualidade foi parcialmente tratada no prólogo). prefiro a concepção de que o outro me revela a que dele absorvo ''todo céu ou qualquer inferno''. Conhecer a si mesmo implica conhecer o que outro implica para sua existência, não estamos livres de influências externas, não em primeira instância. e como diria o saudoso astro do rock " de tanto imitar Elvis me tornei John Lennon'', Fernando Pessoa vai além citando a frase "Começo a conhecer-me. Não existo'' cito ainda o mestre Franz Kafka a praga em branco e o preto em seu livro O processo ele mostra bem como Joseph K. reage ao dilema que enfrenta sem em nenhum momento justificar o seu erro(o qual ele não sabe qual é) através das atitudes de terceiro mostrando-se profundo conhecedor de si e consequentemente dos seus atos e das influencias que recebeu de seu círculo social. Em que posição você e eu, ''vítimas dessa deturpação do sistema natural do universo o qual chamamos capitalismo (ver capítulo lll) tomamos frente às determinações do meio? e qual nossa parcela de responsabilidade naquilo que nos queixamos?

encerro o capítulo V ao som de PIANO BAR de ENGENHEIROS DO HAWAII

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