sábado, 31 de outubro de 2009

Capítulo VIII : 1776






Caro leitor, minha situação não é das melhores. Acredite, vou morrer em questão de minutos. Algumas pessoas estão lá fora, com tochas, armas, pedras e muita sede de vingança. Sem medir esforços, estão há algum tempo tentando derrubar a porta da frente. Tenha cuidado para julgar as pessoas, pois me abstenho de qualquer culpa pelo o que esta ocorrendo neste momento. Além disso, não preciso de sua piedade, hei morrer com dignidade.
Como você deve saber, por um longo período, milhões de pessoas morreram aos milhares em toda Europa. Porém, até hoje, a maioria das pessoas não conseguem aceitar a verdadeira razão dessa desgraça. Oxalá que idiotas mal-intencionados aproveitaram-se da situação dizendo que a culpa era das bruxas e sua pérfida magia negra. Por meio de uma resolução, decidiram oficialmente nos caçar para sermos queimadas nas chamas do inferno. Não foi difícil influenciar essa gente ignorante. Os maus queriam acabar com o mal.
Minha maldição foi consumada há pouco. Preste detida atenção ao cenário, pois a morte será devagar e afetará gerações e gerações até o extirpe completo desta raça.
O início das dores de aflição começará com a temperatura da terra. Esta vai se elevar de forma assustadora, fazendo as pessoas odiar o próprio Sol, esperando jamais reencontrá-lo. Chegará o dia em que as pessoas não poderão sair de casa para uma simples caminhada. Vocês terão medo da luz, vocês odiaram a luz.
A água potável vai acabar em muitos lugares, colocando belos animais em extinção, levando junto de si pessoas que necessitam dessa carne como alimento. Em compensação, a água salgada será abundante, sem, contudo, poder ser bebida. Algo tão simples e infinito acabará miraculosamente. Quando acabar, todos irão se entre olhar surpresos, sem entender nada do que aconteceu.
Pessoas dominadas pela insanidade vão acabar com as árvores. Sua atenção se voltará para elas. Por conseguinte, a qualidade da respiração ficará seriamente comprometida. Um simples olhar para o céu será suficiente para notar que algo diferente paira no ar.
O lixo será espalhado pelos cantos num sinal de pura estupidez, fazendo subir às ruas insetos degradantes, que irão levar para suas casas as doenças mais assoladoras da história da humanidade. Nem mesmo os porcos escaparão.
Quando virem chegar o clímax da desgraça, ao invés de querer atenuar, um pequeno, mas poderoso grupo vai estar atento e tirará pleno proveito da situação. Manipulados por esses, líderes mundiais e grandes intelectuais vão dizer que tudo isso é mentira. Insanidade e vaidade, dêem o nome que quiser. Poderá parecer mentira, mas a mentira de tanto ser dita, se tornará verdade.
Pare de se preocupar, guarde suas lamentações. Se você encontrou esta carta e tudo isso estiver acontecendo, não perca seu tempo tentando avisar seus amigos dessa maldição. Por mais que você tente, eles não vão lhe dar ouvidos. Será tarde demais para reverter o mau.
Se quiser, aceite meu conselho: aproveite o que lhe restar desta pobre e efêmera vida.
Creio que deve estar curioso, imaginado como pude fazer algo tão maligno. Quer saber? Não foi magia negra nem branca, foi algo simples: fomentei uma independenciazinha numa grande nação colonizada nas américas, ajudei alguns loucos do velho continente a fazer fortunas explorando camponeses através de fábricas e escrevi um livro, assinado com o nome Adam Smith. Tudo isso apenas em uma ano: 1776.

encerro o capítulo X ao som de SEVERAL WAYS TO DIE TRYNG de DASHBOARD CONFESSIONAL

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